Por Patrícia Lobo - domingo, março 13, 2011
Olhou uma última vez para o pequeno relógio de bolso que herdara do seu avó, já falecido. Por momentos, fixou o seu pensamento naquele ser humano que tanto o fez sorrir com as histórias das suas conquistas. Gostava particularmente de ouvir o velhote contar como conheceu, e quantas loucuras cometeu para conquistar a dona Francisca, sua avó. Contudo, algo o fez retomar à realidade.
Quando olhou para o relógio com olhos de ver, apercebeu-se o quão tarde já se fazia, e decidiu abandonar a esplanada do café onde se encontrava. Os olhos azuis, cor de mar, olharam o céu a querer escurecer enquanto o seu corpo cortava a esquina daquela rua e começava a descer a avenida. A sua mente já vagueava num outro lugar. Como gostava de o fazer. Perdia-se em recordações, pensamentos. Fazia-o para não pensar na vida que agora levava, todos os dias. Fazia-o para não pensar em quem não o merecia. Aquela que o deixou à espera na esplanada, até o céu escurecer.
Afinal, era somente ele que estava perdido. De amor. Não correspondido.
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