O meu sorriso falso revela a mais doce de todas as dores.
Amor.
Sabes quando sentes que ainda tens tudo dentro de ti? Cada momento, beijo e sentimento. Por mais palavras que procure encontrar nenhuma delas será suficiente para igualar a força que tens em mim.
Sabes quando não consegues desatar o nó que se formou na tua garganta? Queres gritar, mas da tua boca apenas se ouve o silêncio constrangedor; aquele que causa toda a angústia da incerteza e não te deixa seguir em frente. Que não te deixa simplesmente explodir. Talvez seja apenas disso que preciso. Uma simples explosão e um recomeçar de novo.
Ainda sinto as tuas mãos no meu corpo quando fecho os olhos. Mas a recordação dos beijos parece a ponta de uma faca afiada, que me diz que tudo não passou de uma noite.
São duas da manhã, está escuro. Dói-me a cabeça e mais uma lágrima desliza sobre o meu rosto. É inútil tentar dormir enquanto o meu coração não se acalma por não te ter por perto.
É como se as lembranças fossem apenas mais um sonho; mais um daqueles que me ilude todas as noites. Questiono-me a cada instante se tudo aconteceu mesmo. E de cada vez que o faço, sinto os teus lábios procurarem a minha pele. Sinto-os contra a minha testa, beijando-a com toda a ternura. E mais uma lágrima surge porque foi nesse momento que fizeste com que acreditasse em tudo. Todos os sentimentos e sensações. Em tudo aquilo que não (me) consegues dizer. Tudo, concentrado naquele beijo. E como eu adoro beijos na testa...
Não entendo, mas também não quero pensar demais sobre o assunto. Agarro no copo de vidro cristalino, esquecido sobre a velha mesa de madeira. Tento distrair-me da imensa vontade de fumar. Não o faço há alguns dias, mas a vontade regressa muitas vezes. Sempre me soube bem reflectir na companhia de um cigarro. A minha vida tem dado tantas voltas quanto uma bailarina presa numa caixinha de música. Ironicamente, tal como ela, tudo permanece igual e de regresso ao ponto de partida, ainda que tudo pareça estar em constante mudança. É a emoção da expectativa que me faz mover, quando também é a mesma que me tira todos os sonhos que inventei e que alegraram o meu coração por momentos. É difícil não viver num mundo de ilusões, quando nada mais conheço. E por que é que quando tudo parece estar bem, há sempre algo que teima em estragar tudo?