Quando dei por mim já não estavas aqui. Já não havia mensagens por ler na caixa de entrada ou telefonemas na madrugada. O tempo passou e ao que parece as prioridades são outras. Deixámos de parte a cumplicidade para dar lugar ao vazio. As conversas de carro foram trocadas pelo silêncio da noite. Quando dei por mim, senti que já não te conhecia.
Ou talvez tenha sido eu a partir sem aviso. Eu sei o quão insistente eu posso ser e quando me dedico a algo fico próxima da obsessão. Talvez tenham sido as minhas próprias prioridades que nos afastaram; que me afastaram de tudo. Simplesmente, não me integrava em lugar algum, nem com ninguém. Nem mesmo contigo. Especialmente contigo.
Bem me quer. Mal me quer. Eu sei que ela não me quer. Sei, simplesmente, que não a mereço. Mas o coração é traiçoeiro e ela será sempre o meu ponto fraco.
Já passaram três anos desde que fiz as malas para partir e não mais voltar. Não tinha bem a certeza para onde ia. Sabia apenas que o deveria fazer para o nosso próprio bem.
Mal não fez, mas nada melhorou significativamente. O seu rosto ainda vagueia pelos meus pensamentos e posso jurar que a minha pele ainda tem o cheiro dela. Aquele doce perfume que me enlouquecia.
Mas eu não a mereço. Não depois de tudo o que a fiz passar.
– Odeio-te! - disse ela de olhos encharcados.
Nenhuma bala mataria tão lentamente, nem as maiores garras rasgariam tão profundamente. Entendi naquele momento que a dimensão do meu amor por ela não poderia ser medido. E esse amor seria a minha ruína. Por isso, parti. Sem desculpas, sem um beijo de despedida. Parti sem qualquer intenção de seguir em frente. A verdade é que ainda estou a tentar não pensar nela, mas não consigo.
O tempo passou e a dor transformou-se em memória.
By Patrícia Lobo - quinta-feira, julho 09, 2015
Como é que vivemos o resto da nossa vida sabendo que nunca mais veremos uma pessoa que amamos, precisamente, para o resto da nossa vida? Eu ainda nem aceitei esse facto, portanto, esta é uma pergunta que ficará muito tempo sem resposta. Talvez nunca a terei. Desconfio que o tempo que me resta não será sequer suficiente para a encontrar.
Como é que vivemos o resto da nossa vida quando sabemos que nunca mais ouviremos a voz daquela pessoa que precisamos, precisamente, para o resto da nossa vida? Tento reproduzir esse som na minha mente e sinto-me frustrada, pois nada irá igualar aquela melodia.
Nos últimos dias que passei com ela, falou-me de algo que confesso não me lembrar, mas acabou a conversa com a frase: "Este dia está a ser péssimo - dizia ela". E todos os dias são péssimos sem ela. São sufocantes. E imaginava eu que perder alguém seria doloroso. Agora, sei que é insuportável! Ninguém irá preencher aquele vazio que ficou. Ninguém irá compensar o amor que me era dado e retribuído.
Dava tudo para a ter uma vez mais ao meu alcance, porque nem mil eternidades seriam suficientes ao lado dela.
Amo-te, Gorda ❤️